O requerimento do Bloco de Esquerda foi aprovado por unanimidade, disse à Lusa fonte oficial do grupo parlamentar bloquista.
O grupo Global Media, que detém marcas como a TSF, Diário de Notícias e Jornal de Notícias, abriu em dezembro um processo com vista ao despedimento de até 200 pessoas e a maioria dos trabalhadores continua sem receber o salário de dezembro e o subsídio de Natal, o que já levou à marcação de uma greve para 10 de janeiro. Também jornalistas em prestação de serviços estão sem os pagamentos devidos de vários meses.
O grupo iniciou o designado ‘plano de reestruturação’ depois da entrada como acionista do fundo de investimento World Opportunity Fund (que tem sede nas Bahamas e sobre o qual pouco se sabe).
Recentemente, acionistas e comissão executiva envolveram-se em troca de acusações.
Os acionistas Marco Galinha (que deixou a presidência executiva do grupo, tendo sido substituído por José Paulo Fafe ), Kevin Ho, José Pedro Soeiro e Mendes Ferreira acusaram o acionista World Opportunity Fund de “manifesto incumprimento” de obrigações e que foi isso impediu o pagamento de salários aos trabalhadores.
Já a comissão executiva, liderada por Fafe, disse que foi encontrada no grupo uma “situação financeira muito difícil” que “obrigou a ter de promover um plano de reestruturação” e acusou os outros acionistas de protagonizarem situações “ética e moralmente condenáveis” que contribuíram para a situação atual da empresa.
Este tema tem ganho grande dimensão mediática e política e, no parlamento, têm sido promovidas audições numa tentativa de os deputados esclarecerem o que se passa.
Esta quinta-feira, em audição, o ex-administrador do grupo e ex-diretor da TSF Domingos Andrade disse ter sentido pressões da nova gestão do World Opportunity Fund. Relatou “apenas um episódio”, de que o administrador Paulo Lima de Carvalho o pressionou para dizer quem tinha aprovado uma notícia para o ‘site’ da rádio.
Domingos Andrade contou ainda que em meados de 2023 teve conhecimento, por um telefonema de Marco Galinha, de que ia entrar um novo administrador, Paulo Lima de Carvalho, que viria com o fundo “cujas negociações estariam em bom andamento”.
O ex-diretor da TSF disse que foi então ver quem era Paulo Lima de Carvalho e que se apercebeu que este tinha trabalhado em “várias áreas”, entre as quais na Casa da Música, no Porto, e “que também tinha ligações a uma empresa de assessoria para a comunicação “e que tinha ligações a um familiar de Luís Bernardo de outra empresa que se chama WL Partners”.
Luís Bernardo é consultor de comunicação e foi assessor do primeiro-ministro José Sócrates e do Benfica.
Foi na sequência destas declarações que o BE requereu as audições de Paulo Lima de Carvalho e Luís Bernardo.
O deputado único do Livre, Rui Tavares, admitiu na quinta-feira a possibilidade de ser constituída uma comissão de inquérito parlamentar sobre o estado deste grupo, mas apenas após as eleições legislativas antecipadas de março. Já Joana Mortágua, do BE, disse preferir que até à próxima legislatura se pudessem obter todos os esclarecimentos.
O World Opportunity Fund detém 51% das empresas Palavras Civilizadas e Grandes Notícias, onde os acionistas Marco Galinha e António Mendes Ferreira são detentores dos restantes 49%, de acordo com nova gestão da Global Media, sendo que estas duas empresas controlam 50,25% da Global Media.
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